quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

LAVA JATO X MENSALÃO

Um dos ministros mais experientes e bem vistos do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, já havia destacado que o escândalo do Mensalão, perto do que está para emergir do fundo do mar com a operação Lava Jato, com o propinoduto da Petrobrás, não passa de uma questão para um juizado de pequenas causas.

Mendes considerou o caso muito grave e preocupante, diante da "vastidão e imensidão" das denuncias.

O Mensalão foi julgado em 2012 pelos Homens de Preto do Supremo, capitaneados pelo ministro Joaquim Barbosa, hoje aposentado, e colocou na cadeia os principais atores como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT, José Genoíno, o publicitário Marcos Valério, e outros tantos.

Para o ministro, o esquema da Petrobrás comprova que as penas aplicadas no Mensalão não tiveram caráter didático de inibir o desvio de dinheiro público.

E vamos começar tudo de novo, pena que agora não tenhamos mais um Joaquim Barbosa à frente dos trabalhos. O Ministério Público Federal denunciou nesta quinta-feira (11) 35 suspeitos de participação no esquema de corrupção da Petrobrás. Eles foram denunciados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Me eximo de destacar de quanto podem ser as penas, já que, se a justiça aceitar as denuncias, teremos os julgamentos como no caso do Mensalão e depois ainda teremos os julgamentos dos agravos, terminando com os infringentes, onde muita água pode rolar por debaixo da ponte dos acordãos.

Estamos num momento crucial para o judiciário brasileiro. Dos 35 denunciados, 22 pertencem às principais empreiteiras do País como Camargo Corrêa, OAS, UTC, Mendes Junior e Queiroz Galvão. Além destes, foram denunciados ainda Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobrás e que abriu o bico para fazer as denuncias em troca da delação premiada, e outro delator, o doleiro Alberto Youssef, este último internado de novo nesta quarta-feira com problemas cardíacos.

Completam a lista outros suspeitos, menos famosos, entre eles Enivaldo Quadrado, que já havia sido condenado por lavagem de dinheiro no escândalo do Mensalão. De novo o Enivaldo vai para o banco dos réus.

Segundo o procurador Deltan Dallagnol, este é o nome que vamos ouvir nos próximos meses, ao lado de Rodrigo Janot, foram praticados 154 atos de corrupção e 105 atos de lavagem de dinheiro pelos 35 denunciados e essa é só a primeira denúncia.

O esquema não é muito complicado e assemelha-se a um campeonato de futebol, com divisão de chaves, turnos, semifinal e final onde todos já sabiam quem seria o campeão. Uma vergonha para o Brasil, que volta ao banco dos réus da corrupção.

Começou o jogo. Que vença o melhor.
E o melhor, no caso, é a justiça brasileira.
De volta à cena os homens de preto do Supremo Tribunal Federal.

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